12.10.09

Já que todo mundo no twitter está relembrando a infância eu também resolvi entrar nessa #nostalgiagostosa.

Até o 11 anos minha vida foi sussa, mas graças ao talento maternal nato da minha mãe eu tenho alguns traumas que duram até hoje. Aqui estão os 3 piores, em ordem aleatória:


Trauma #1

Eu sempre gostei de moedas. Curtia o barulho, o brilho e como sempre parecia que você tinha muito dinheiro. Todos os familiares e entes queridos sabiam disso e viviam me dando o troco da padaria ou qualquer moedinha que sobrava. Um belo dia minha mãe apareceu com um saco enorme cheio de moedas e disse que eram todas pra mim. Passei dias contando minha nova fortuna até que resolvi comprar um estojo da Pakalolo com o dinheiro.

Beleza, bora pro shopping.

Chego no shopping e minha mãe fica me esperando do lado de fora da loja. Eu escolho o estojo e vou para o caixa. Despejo minhas moedas. A vendedora ri e pergunta onde eu arrumei aquelas moedas. Eu digo que foi minha mãe ali ó. Ela pega o estojo de volta e diz que aquele dinheiro não vale mais, que o Cruzeiro agora é Cruzeiro Real. Mamãe jurou ter se confundido com as moedas e prometeu comprar o estojo outro dia.

Estou esperando até hoje.

Sabe o que é pior? Na época eu acreditei. Eu, do fundo do meu coração, acreditei que minha mãe - que trabalhou 38 anos no departamento FINANCEIRO de uma escola - não sabia que as moedas estavam fora de circulação. Crueldade pura e simples.


Trauma #2

Um trauma que eu carrego até hoje é o de quebrar/perder coisas. Eu sempre sofri com uma certa falta de jeito generalizada e minha mãe carinhosamente me chamava de DESTRUIDORA. Não tenho nem palavras para descrever como é gostoso quebrar sua boneca favorita acidentalmente e ouvir "também, DESTRUIDORA do jeito que é". Enfim.

Um dia a gente estava no circo e eu queria um daquele palhaços que ficavam dentro de um cone e quando você puxava uma vareta ele saía com os bracinhos para fora. Pedi para meu pai e ele me disse para ver com a minha mãe. Ela disse que não porque eu era DESTRUIDORA e ia quebrar o palhacinho antes de chegar em casa. Eu disse que não, que ia amar o palhacinho para o resto da vida e que nunca deixaria nada de ruim acontecer com ele e coisa e tal. Mamãe, toda trabalhada na psicologia infantil, disse que tudo bem mas com uma condição: se eu quebrasse o palhaço nunca mais ganharia presente nenhum. Eu aceitei. E por aí você vê como eu queria esse palhaço, visto que arrisquei todos os presentes do resto da vida por ele.

Beleza. O tempo passou e eu realmente não deixei nada de ruim acontecer com meu amado palhacinho. Quando não estava brincando com ele guardava numa caixa de sapatos embaixo da cama e sempre dava uma conferida nele antes de dormir para ver se estava tudo bem.

Eis que um dia eu abri a caixa e o palhacinho TINHA SUMIDO. Fiquei desesperada e liguei até no 190 para perguntar se alguém tinha visto meu palhaço. Quando minha mãe me viu no telefone eu levei um puta esporro, fui chamada de DESTRUIDORA e fiquei dois dias sem assistir Muppet Babies.

Ganhei outros presentes, óbvio. Mas anos depois descobri que foi MINHA PRÓPRIA MÃE que sumiu com o palhaço. Ele já estava todo sujo então ela jogou fora. E não me contou. E me deixou de castigo. Por um lance que ELA fez. Ruindade no coração: a gente se vê por aqui.

Até hoje ouço um DESTRUIDORA ecoando quando quebro ou perco alguma coisa.


Trauma #3

Esse é meio curto porque na verdade nem lembro direito de metade dele, graças à uma pancada na cabeça. Só sei que Um belo dia ensolarado de Janeiro eu estava no Guarujá brincando na rua com meus amigos do prédio quando peguei a bicicleta de uma das meninas emprestada. Acordei no hospital. Caí quando fui fazer uma curva, bati a cabeça no chão, esfolei a cara e o guidão AFUNDOU MEU OLHO. Juro. Daí eu lembro de ter acordado no hospital e depois só lembro de já estar no apartamento. Daí dizem que eu fiquei dois dias no hospital porque não lembrava de nada. Parece que até meu nome eu não sabia. E nisso minha mãe PUTA, achando que eu estava inventando isso. Até hoje ela acha. Resumindo: criança quase morre, tem o olho afundado e fica de castigo trancada no apartamento o resto das férias por ter "fingido amnésia".

E é isso ae, pessoal. Feliz dia das crianças e acreditem na amnésia dos seus filhos ou eles correm o risco de acabar como eu. Abraços.